Não se deve ler um livro de poesia como um romance, um poema atrás do outro, como se houvesse um enredo. Não se trata disso. Leia um por semana. Leve um ano lendo um livro de poesia. Vale a pena.
A escritora, ensaísta e professora Vilma Arêas disse isso em algum momento da FLIP 2016 e encontrei na Internet. Li isso e fiquei pensando em como leio poesia. Leio assim, errado, um poema atrás do outro. Sem saber direito se captei alguma coisa ou só engoli palavras. Acho que leio assim tudo que é curto. As Cidades Invisíveis de Calvino ou os Exercícios de Estilo de Queneau, arquivos de tirinhas de jornal ou na web: entro num site e leio centenas, uma atrás da outra, me prometendo parar na próxima dezena ou centena fechada, quase como se não estivesse prestando atenção. Enfim, do jeito errado, segundo essa senhora.
Mas...
Tem tirinhas que anos e anos depois eu lembro e vou procurar na Internet. Ou cito uma frase e alguém que também leu há muito tempo reconhece e ri ("Qual o segredo do Morcego?"). Poemas que lembro quase inteiros - apesar de decorar poesia não ter mais muito lugar na nossa cultura literária - ou outros de que me aparece um trecho, paro o que estou fazendo e releio. Descobri que, quando leio um livro de poesia assim, um atrás do outro, não estou exatamente "lendo", mas buscando num catálogo aqueles que vou guardar para depois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário